Mitos Demitidos

Thursday, October 28, 2004

O caso do cantil descurado

O caso do cantil descurado é um caso de extrema recorrência nos filmes hollywoodescos clássicos e menos clássicos.

Imaginemos uma cena passada algures num deserto tórrido, num daqueles dias em que a própria imagem parece distorcida, cambaleando como se o setting estivesse a derreter. Vários indíviduos estão em visível sofrimento e, puxando dos seus cantis como forma a atenuar essa dor, descobrem que não têm uma única gota de água. Que fazem eles perante este facto? Ou melhor, que fariamos nós numa situação semelhante mas real? Eu guardaria o cantil tendo a esperança de vir a encontrar água, ou pelo menos alguem que ma providenciasse. Mas, em qualquer filme que se preze, o cantil é sempre descurado e deitado fora, sem dó nem piedade.

Será que isso faz sentido? Trata-se afinal do quê? De um acreditar na morte iminente ou de uma situação milagrosa que venha em socorro da personagem?

Acreditar no primeiro dos casos quase nunca encaixa no perfil da personagem em questão (geralmente estamos face a heróis ou tipos destemidos) e a probabilidade de algo acontecer que salve a personagem numa situação como esta é tão ínfima que nem o QI mais humilde poderá aviltar.

Por isso a dúvida persiste e a única explicação que encontro é o acentuar o plot e o lado visual do acto. No entanto, não é plausível nem merece aplauso tal explicação.

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